Citações da Obra de Osman Lins


“Pouco a pouco, o idioma em que me fala e com o qual, talvez, caçando o não caçável, amplie e encante o mundo, retorna ao limbo onde é fabricado” – Avalovara.

“- Empenho-me na conquista de uma afinação poética e legível entre a expressão e faces do real que permanecem como que selvagens, abrigadas – pela sua índole secreta – da linguagem e assim do conhecimento. Existem, mas veladas, à espera da nomeação, este segundo nascimento, revelador e definitivo.” – Avalovara.

“Ó agir humano, ó sucessão das coisas, detende-vos se podeis. Tempo, contraria teu curso, viola teu ritmo, interrompe teu sereno fluxo impassível ou desaba, sem leito e sem comporta, sobre mim.” – Avalovara.
“Abro os olhos no âmago da noite, como se a noite fosse o mundo. Abro as mãos ante os olhos não vejo as mãos. Nem assim me satisfaço: o quarto não parece escuro como deveria. Pressiono as pálpebras, assim, os dedos sobre a testa. Abertos. Crio um casulo de trevas e no centro da escuridão faço a pergunta” – Avalovara.
“...e esta Torre, esta Catedral, são ilusórias, pois os edifícios reais inclinaram-se com o tempo, mas é nestes, nos inclinados, que perpassa o vulto do irreal, exatamente porque neles se instalou o fio tênue entre o que persiste e o que passa.” – Avalovara.

“Assim, dos grandes espaços, um gato cósmico estende-me a garra. Mas cuidado! Não supor que por causa desse gesto me pertencerá. Logo recolherá a garra e ele mesmo, em seguida, se recolherá a outro gato, de que – quem sabe – é a unha. Avançar na rede dos enigmas pode levar-nos a enigmas maiores.” – Avalovara.